quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nervos à flor da pele


Se não for sofrido, não é Corinthians


Tite "vida loka" comanda a vitória da arquibancada laranja
Digam-me o que é ser Corinthians, caros leitores. Alguns farão menções ao banditismo e à falta escolaridade, enquanto outros lembrarão do fantasma da Libertadores, jocosamente. Mas não é este o meu ponto. Brincadeiras e clubismos à parte, acredito ser impossível encontrar uma definição para o termo “corintiano”. Por várias vezes, apoiei-me em palavras de jornalistas e poetas, sendo que nenhum deles me convenceu. Nem mesmo as máximas lançadas por torcedores o tenham feito.

A verdade é que eu não sei a resposta. E estou certo de que não sou o único. Não sei dizer o que leva o torcedor a acreditar na vitória até o último segundo, sob quaisquer circunstâncias. Não sei o que o leva a derramar lágrimas quando o time entra em campo e a gastar seus últimos trocados para comprar um ingresso. Só sei que é lindo ver o que o povo faz com e pelo seu time. No jogo de volta da Copa Libertadores da América contra o Vasco, vi pessoas tão diferentes e tão iguais dividirem o mesmo espaço no Pacaembu.

Após o gol do Paulinho, aos 43 minutos da segunda etapa, tudo dentro do estádio transcendeu a metafísica. Não havia mais corpo. Não havia mais classes. Havia algo maior. Aquilo que só pode ser sentido, e não descrito. O torcedor pobre de chinelo abraçou o fã de terno. O ateu abraçou o muçulmano. O comunista abraçou o liberal. O médico abraçaou o lixeiro. As bandeiras subiram por todos os cantos do estádio. Fogos de artifício acompanharam a trilha sonora: GOL! E, claro, o tradicional e onipresente “Vai Corinthians!”.

Olhares profundos e marejados conduzindo à profundidade das almas. Não eram só os meus. Eram 30 milhões de loucos que também se desfaziam em prantos e se projetavam, de alguma maneira, para dentro do campo. Fosse da televisão Full HD ou do rádio de pilha. É difícil, confesso, organizar até as ideias depois de momentos tão intensos. Vi o Tite na multidão. Vi o Cássio crescer na frente de Diego Souza. Vi o Paulinho subir mais que todos na área quando a definição do jogo estava indo para os pênaltis. Vi a torcida que tem um time. Vi um sonho dar mais um passo rumo à concretização. 

O abraço de 30 milhões; o abraço de um só coração
Sei que sou emotivo quando o assunto é esporte, mas fazer o quê? Carrego no peito uma paixão maior que o coração. Por isso sou Corinthians. Sou maloqueiro e sofredor.

Para finalizar, que show da torcida! A maior e a melhor. Deixou de lado suas diferenças e se uniu pelo nosso eterno alvinegro. É essa paixão que nos faz grandes. Os rivais nunca entenderão o que é ser um louco apaixonado. E mesmo que o Pacaembu se cale, que o manto desbote e que a vitória esteja longe... seremos Corinthians. Nos gritos e nas palmas. No peito e na alma. Porque somos mais que um simples time. Somos uma nação.

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