domingo, 19 de janeiro de 2014

A infeliz vida de Tévez com Sabella à frente da Seleção Argentina


Inferno

Carlos é um garoto que vive uma dualidade cruel. Abençoado com um talento fora de série, ele se vê ofuscado com bastante frequência pelos irmãos igualmente ou ainda mais bem dotados. Apesar de ser uma criança com um dom invejável, em outras palavras, Carlos não tem a atenção merecida dos pais por ter nascido em uma família de grandes destaques.

Nem mesmo a maturidade e a mudança de ares ao longo dos anos fizeram com que o menino fosse notado por seus progenitores, embora muitos de seus amigos façam apelos desesperados e comoventes para que ele receba atenção. 

Diante deste contexto, Carlos não tem expectativas para o futuro – ao menos não ao lado da família. Então, o que lhe resta?

Na realidade, este é o dilema vivido pelo já crescido Tévez. O atacante de 29 anos, hoje destaque da Juventus, é vítima de uma cruel cortina de ferro imposta pela figura do “pai” Alejandro Sabella na Seleção Argentina.
Com a emancipação que o técnico lhe destinou na Albiceleste, Carlitos fica cada vez mais distante dos “irmãos” Lionel Messi, Sérgio Agüero, Di Maria, Gonzalo Higuaín e tantos outros avantes do futebol hermano. É de cortar o coração e perturbar a mente.

Amigos se esforçam para conscientizar o "inquisidor" Sabella
Purgatório

Em boa fase no time de Turim, Tévez parece ter encontrado o tão almejado equilíbrio profissional e emocional. Após deixar o Manchester City de maneira conturbada, ele dá a impressão de ter se adaptado muito bem ao ambiente latino, que no fundo lhe é familiar.

No entanto, ainda que o desempenho dele em campo seja alto e as lesões assombrem os compatriotas, o camisa 10 da Velha Senhora está longe de ser um dos selecionáveis de seu país. O próprio atacante se conforma com este pensamento.

“Por mais que eu faça 30 gols, não acredito que irão me convocar. Nem mesmo posso me iludir com essa possibilidade. Para mim, ver a seleção faz mal. A Copa? Vou tirar férias para não acompanhá-la. Já joguei dois Mundiais, e o que Sabella me mostrou foi o seguinte: machuque quem se machucar, ele não me chamará”, desabafou o atleta.

O histórico de Carlitos na Seleção, convenhamos, não é impressionante, e a última imagem dele vestindo o manto argentino é frustrante. Em junho de 2011, perdeu um pênalti nas quartas de final da Copa América diante do Uruguai, seleção que acabaria levantando o caneco em pleno território rival.

“Não gostaria que a última imagem na seleção seja o pênalti que errei contra o Uruguai. Sinto que me falta uma redenção”, explicou o jogador, acrescentando que não estava preparado para a disputa da competição naquele momento.

De fato, merecer outra chance parece mais do que justo a todos que acompanham a trajetória de um dos mais autênticos representantes do futebol sul-americano. Mas enquanto a oportunidade não aparece, ele projeta a conquista de títulos nacionais e continentais pela Juventus. Será que isso é o suficiente para que Tévez esqueça o drama vivido na seleção?

Tévez e Muslera após penalidade: reações distintas

Céu

Mas durante sua passagem pelo purgatório, Carlitos ainda sonha em finalizar a carreira nos céus da glória. Ele quer definitivamente deixar os gramados vestindo a camiseta azul y oro do amado clube que o revelou para o futebol, o Boca Juniors. E parece fazer questão de que todos saibam disso.

“Não acredito que seja em 2015, até porque tenho contrato de três anos com a Juventus, mas todos sabem que meu sonho é me aposentar com a camisa do Boca. E não quero voltar para passar vergonha. Lá eu jogo sem receber nada, vou de graça. Vou por mim, por minha família e pelos que me querem. Quando eu voltar, farei bem para colocar a camisa que amo e seguir fazendo história”, finalizou o jogador.

E quem sabe no retorno a Buenos Aires Tévez não possa ser completamente feliz, em contraposição ao atual momento? Uma vez bem consigo mesmo, num ambiente que lhe proporciona boas memórias e o leva de volta às raízes, talvez Carlitos ganhe um espaço na seleção para, enfim, colocar um ponto final na amargurada história que certamente o afastará da Copa no Brasil.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Benfica homenageia Eusébio com vitória sobre o Porto e vira líder

O Benfica não podia perder o clássico diante do Porto, no Estádio da Luz, pela última rodada do primeiro turno do Campeonato Português. Não devia perder. Não merecia perder. E quiseram os Deuses do futebol que esta tragédia não acontecesse.

Mais do que a liderança da competição, a vitória dos Encarnados por 2 a 0, neste domingo (12), representou uma homenagem ao eterno ídolo Eusébio, falecido aos 71 anos, há exatos sete dias.

A partida em Lisboa também foi a primeira disputada pelo time da casa desde a morte do Pantera Negra, um dos maiores jogadores portugueses e benfiquistas da história.

Por conta destas circunstâncias, o tributo ao ex-futebolista não ficou restrito ao minuto de silêncio e ao nome dele estampado na camisa dos atletas alvirrubros.

Antes do apito inicial, diversas faixas dedicadas a Eusébio enfeitavam o Estádio da Luz, assim como o mosaico dos torcedores. A festa aos poucos tomava contornos emocionantes. Veja como ficou o cenário virtual em uma apresentação 3D AQUI!

No total, 62.508 adeptos assistiram ao duelo em Lisboa, incluindo o zagueiro brasileiro David Luiz, que defendeu o clube da capital lusitana entre 2007 e 2011.


"Eusébio sempre", diz faixa à esquerda

Aproveitando a atmosfera positiva, o Benfica pressionou o rival e abriu o placar aos 13 minutos, quando o espanhol Rodrigo chutou forte contra a meta do brasileiro Hélton.

O segundo gol saiu logo após o intervalo. Depois de cobrança de escanteio, Ezequiel Garay levou a melhor sobre a marcação e cabeceou firme para ampliar o marcador.

Com o resultado parcial, o jogo ficou mais intenso e pegado. Na mesma medida, as discussões com o juiz e as entradas se tornaram mais quentes. Afinal, um clássico é sempre um clássico. "E vice-versa", acrescentaria Jardel.

Para piorar a situação dos visitantes, o lateral Danilo (ex-Santos) recebeu o segundo amarelo ao simular um pênalti e deixou o Porto com 10 homens em campo. A 15 minutos do fim, já não seria possível evitar a derrota.

Agora, o Benfica chega aos 36 pontos e assume a ponta do campeonato à frente do Sporting (34) e do próprio Porto (33). Quem sabe este não é o primeiro passo, o fôlego necessário para impedir o tetracampeonato consecutivo dos portistas na Liga?

Se continuarem a jogar por Eusébio, não creio que a façanha seja impossível. E esta seria a melhor maneira de honrar a memória do eterno Pantera.

Benfica jogou clássico com 11 "Eusébios"