quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Meu 1977


São 102 anos. Pouquíssimos vivem tanto. Contudo, podemos entrar para a eternidade em um período de tempo muito mais curto, seja coletiva ou individualmente. Alguns podem demorar a vida inteira para fazê-lo; outros, 90 minutos. Pois bem. Nossos guerreiros, vestindo o manto sagrado, farão história no Pacaembu esta noite. Ainda não tenho conhecimento das dimensões desta partida, mas me contento por ter vivido o suficiente para vê-la. Privilégio para o bando da NAÇÃO CORINTIANA.

É o sonho de cada torcedor do ALVINEGRO mais querido. Um outro sonho, talvez, fosse ressuscitar todos aqueles entes queridos que acompanharam o time durante a vida e não puderam chegar até este 4 de julho. Mas isso não será necessário, apesar de impossível, pois o espírito deles e a áurea de SÃO JORGE estarão dentro do estádio de alguma maneira, empurrando o TIME DO POVO.

Para mim, foram 21 anos de espera. Pouco depois de vir ao mundo, eu já tinha uma camisa branca com o símbolo bordado a mão – relíquia que guardo até hoje – cobrindo meu corpo. Amor que floresce desde criança. Passaram-se os anos e os mantos, menos o escudo sobre o peito. Segunda pele. Visitei muitos estádios, perdi a voz incontáveis vezes e comemorei outras tantas.

Chorei por tristeza e raiva, é verdade. Faz parte da vida. Também me decepcionei bastante, mas sempre foram esses momentos negativos que me inflamaram ainda mais e me faziam crer em nossa superação. Que em breve eu estaria celebrando com meu avô materno mais uma conquista. Afinal, na década de 90, “ano sim, ano não, CORINTHIANS campeão”, como ele dizia. E assim eu caminhava.

Hoje, repetirei meu ritual. Parece bobeira, entendo, mas sou supersticioso quando se trata de jogos importantes, principalmente os do CORINGÃO. Assisto a tudo na sala de casa, com a mesma camisa, no mesmo lugar do sofá, com as mesmas pessoas, há anos. Em time que está ganhando não se mexe, não é mesmo?

Daí começarão os 90 minutos que durarão 102 anos. Haja sofrimento. Esperarei que uma fração de segundos – sem desmerecer a longa caminhada que antecedeu o tão esperado passo final – seja tão reproduzida quanto o gol de Basílio em 1977, quanto o de Tupãzinho em 1990, quanto as embaixadinhas de Edilson em 1999, quanto as fotos das invasões ao Maracanã em 1976 e em 2000.

E então esta noite não entrará para a história como a noite da celebração de um título. Ela entrará para a eternidade como a noite em que não existiram raças, não existiram religiões, não existiram empregos e muito menos classes: Existiu o CORINTHIANS. Nada mais.

Em cada cantinho do mundo, onde houver um CORINTIANO, haverá esperanças. Haverá uma fonte inesgotável de amor e devoção; de gritos e apoios; de lágrimas e sorrisos; de almas e corações; de PRETO E BRANCO; de crença na nossa vitória até o último segundo.

Nos bairros nobres, na periferia, fora do país, na pele, na alma, no sorriso contido, no grito alucinado, com uma bandeira, com um rádio de pilha, com uma camisa nova ou velha, com um adesivo no carro ou com um simples pano em que esteja bordado o símbolo do SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA. Sempre haverá  uma torcida de 33 milhões de FIEIS que jamais abandonou o time. Façamos nossa parte, seja na torcida ou no campo, guerreiros, e sairemos vitoriosos. Jogai por nós e

VAI CORINTHIANS!

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